Revolução Regulatória nos EUA: SEC Aprova Primeiro ETF de Bitcoin

por CM Consultores | 22.01.2024 | Tributário

Em uma virada surpreendente, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) deu sinal verde, no último dia 10 de janeiro, ao primeiro fundo negociado em bolsa (ETF) de bitcoin. Essa decisão marca uma mudança radical na postura histórica da SEC em relação às criptomoedas, que por uma década negou todos os pedidos para lançar qualquer veículo desse tipo.

A aprovação do ETF já era esperada pelos mercados, especialmente após um tribunal derrubar, no verão passado, o veto da SEC a um fundo Grayscale, classificando a decisão como “arbitrária e caprichosa”. Apesar dessa previsibilidade, a comunidade financeira permaneceu em alerta durante toda a semana, aguardando a autorização final e ansiosa por detalhes cruciais.

A mudança de postura da SEC, notadamente do diretor Gary Gensler, em relação às criptomoedas era anteriormente caracterizada por uma atitude de FUD (Fear Uncertainty and Doubt), alimentando Medo, Incerteza e Dúvida entre os participantes do mercado. Gensler já havia atacado grandes exchanges, como Coinbase e Binance, alegando irregularidades.

Regulamentação Global das Criptomoedas: Cenário Atual e Tendências

Enquanto os EUA experimentam essa reviravolta, a regulamentação global das criptomoedas continua a evoluir. No Brasil, a Lei 14.478, de dezembro de 2022, estabeleceu diretrizes para serviços de ativos virtuais e regulamentação de prestadores desses serviços. A lei exige autorização prévia para que tais prestadores operem no país, com o Banco Central e a CVM responsáveis pela concessão dessa autorização.

A abordagem regulatória no Brasil ainda está em estágio inicial, com a competência regulatória do BC e da CVM definida apenas na metade de 2023. O aumento do controle sobre exchanges é evidente, com um aumento significativo nos pedidos de informações à Coinbase nos últimos anos.

Desafios e Estratégias Regulatórias: Brasil e Além

O controle regulatório global busca encontrar um equilíbrio entre supervisionar as atividades das criptomoedas e permitir o desenvolvimento saudável do ecossistema. A legislação brasileira define ativos virtuais como representações digitais de valor negociáveis eletronicamente, com regras específicas excluindo moedas nacionais, moedas estrangeiras, moedas eletrônicas e outros instrumentos.

A luta regulatória em várias nações reflete a tentativa de manter o controle sobre as criptomoedas em um contexto de crescente adoção. Governos e bancos centrais buscam conter o movimento em direção a criptoativos, temendo a perda de controle sobre a emissão e a circulação do dinheiro.

CBDCs e a Tentativa de Manter o Controle

No âmbito das Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs), propostas por alguns governos, a questão principal é o aumento do controle sobre o dinheiro. A proposta de CBDCs visa criar a ilusão de menor risco em comparação com criptomoedas, alegando que o respaldo governamental oferece mais segurança.

No entanto, a realidade é que as criptomoedas representam uma ameaça ao controle tradicional. A capacidade de comprar, vender e armazenar criptomoedas fora do alcance direto de reguladores desafia o modelo de controle exercido pelos governos e bancos centrais.

A Identidade das Criptomoedas: Desafios e Potencial

A identificação de criptomoedas com valores financeiros levanta questões quando se trata de ativos consolidados como Bitcoin ou Ethereum. A regulamentação busca enquadrar criptomoedas como investimentos, permitindo a declaração pelos cidadãos, mas enfrenta a dificuldade de controlar transações fora das exchanges regulamentadas.

SEC e o ETF de Bitcoin: Surpresas e Desafios

A recente autorização da SEC para ETFs de bitcoin não foi isenta de surpresas. Um episódio caótico ocorreu quando a SEC anunciou erroneamente a aprovação em sua conta no X (antigo Twitter), levando a um aumento temporário nos preços. O presidente da SEC, Gary Gensler, esclareceu posteriormente que a conta da agência havia sido hackeada.

A aprovação de 11 pedidos de ETFs de bitcoin marca um marco na indústria cripto, permitindo que investidores institucionais e de varejo acessem indiretamente a maior criptomoeda do mundo. Gensler ressaltou que a aprovação foi baseada em “circunstâncias alteradas” e que os novos produtos contarão com garantias adicionais de proteção aos investidores.

Perspectivas para Criptomoedas: Adoção e Desafios Futuros

A batalha regulatória continua, mas as criptomoedas continuam a avançar, enfrentando solavancos causados por flutuações de preços e embates regulatórios. A verdadeira luta reside na tentativa de manter o controle sobre uma tecnologia que desafia paradigmas financeiros estabelecidos.

A decisão da SEC e a evolução regulatória em diferentes partes do mundo moldarão o futuro das criptomoedas. Ainda assim, a resistência e a crescente adoção indicam que as criptomoedas estão aqui para ficar, desafiando o status quo e oferecendo uma alternativa ao controle tradicional do dinheiro.

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